quinta-feira, 19 de julho de 2012

A mais bela canção



Para minha Patrícia
Sou o músico imaginário. O virtuose de um único instrumento: o teu violoncelo. Autodidata, com o tempo aprendi a tocar-te à perfeição. Seguro o corpo sinuoso entre as pernas, o braço apoiado em meu ombro, e enquanto os dedos marcam a passagem das notas, o arco desliza rente às cordas tesas descobrindo os mais provocativos timbres. Aqui, um sustenido de prazer. Ali, um agudo gemido. A melodia jamais se repete, pois não consigo entender a complexa partitura emotiva que produzimos. De nossas melhores audições, lembro aquela do verão na praia isolada, cuja faixa de areia era coberta de pequenas conchas marinhas. O cenário acústico ideal para reverberar o som do teu corpo. Nas pedras, com o mar batendo forte, e sob o sol escaldante, criamos a ópera da paixão, tendo como plateia peixes e golfinhos atentos. Ainda sonho em compor música e letra que expressem a intensidade de nossa relação. Talvez a finalize no dia em que dominar o maremoto de meus sentimentos, e possa caminhar sem medo sobre as águas turvas que insistem em me afogar. Idealizo a mais bela canção, a que será adotada como hino pelos arcanjos mensageiros, e entendida por todas as línguas da Terra. Um mantra-tango-rock-erudito que afirme: não há vida sem amor. Meu amor por ti, violoncelo.



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