Aos que desejam morrer por amor
A cada novo encontro, ao te ver, as
batidas do meu peito acompanham o ritmo acelerado de um tango eletrônico — numa
cadência que funde estranhamente alegria e tristeza. Contrariando a lógica da paixão, porém, basta
minha pele sentir a tua para as batidas diminuírem de intensidade. Ao juntar
meu corpo ao teu, ao pressionar tua boca a minha até quase dividirmos o mesmo
oxigênio, um desconhecido desejo ordena agora o pulsar lento, num anseio
doentio por sua total parada. Neste intento, meu coração passa a seguir o
compasso do samba de uma nota só. Um bumbo atravessado de quando em quando, um
leve sacolejo de tamborim, e nada mais. Talvez ele saiba que morrer em teus
braços seja viver para sempre.