O espaço
de adoração é um
altar figurativo entalhado a fogo no córtex cerebral. Ali
acendo uma vela à imagem
dourada de sua
pureza. Ao redor,
nenhum mau
pensamento ousa macular
a lembrança do sol
incidindo respeitoso na pele de seu corpo virginal. Não
poderia ser diferente. À época, todo o meu ser concentrava-se em
apenas contemplar
o rosto de beleza
angelical, que
ficava ainda mais
intensa sob
o alterar constante
das zonas de luzes
e sombras do crepúsculo
à beira-mar. O fulgor
da adolescência. Ficamos no máximo do contato físico
naquele dia: seus
longos cabelos
ao vento tocando levemente
minha face.
Fascínio mútuo,
olhares de flerte,
pipocas, jogos
de cartas, passeios
na praia. No triste
adeus, a promessa
de um reencontro
jamais ocorrido, e um
beijo casto
enquanto segurava seus braços. Agora,
ao reativar esta passagem,
junto as mãos
envelhecidas pelo tempo
e rogo uma curta
prece à menina-santa que velei durante
aquela semana de um
amor de verão:
Aonde estiveres, protege estas
memórias e faz com que
nunca as esqueça, até
o momento final
em que
tudo se apagar
diante de meus
olhos. Amém!