A lua prateada e os seis rios


No céu “a lua vem surgindo cor de prata, no alto da montanha verdejante”, diz a letra da canção que se ouve ao fundo, enquanto seis crianças correm e brincam felizes à noite, nas areias quentes da tranquila praia doce. O astro noturno parece entender a música e empresta toda a sua luz para eternizar a beleza daquele momento. Enorme como o sol, e amparado no firmamento por algumas poucas nuvens, ele provoca os múltiplos reflexos no espelho d’água constantemente agitado pelos pequenos pés que não cansam de se refrescar. Os risos emitidos se confundem com o barulho das marolas que quebram na prainha, somam-se à música e formam um novo som definindo a alegria de estarem vivos e juntos, apesar de todas as agruras. São seis irmãos, seis rios. O destino lhes reservaria caminhos diferentes no futuro: corredeiras, quedas, remansos, piracemas, bifurcações, novos riachos. Rios que nunca, porém, deixaram de viajar paralelos e entrecruzados, alimentando-se em épocas de seca, dando vazão em períodos de cheias. Aquela noite enluarada na infância marcou o imaginário de cada um, e ainda hoje serve para acalmar a amedrontadora revolta da correnteza em dias de tempestade. União de duas fontes, água da mesma água, suas histórias conjuntas só terminarão quando desaguarem no grande mar.


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