terça-feira, 23 de outubro de 2012

A meiga face da guerreira





Para minha irmã Sandra
Em meu estranho sonho vejo a guerreira que chega cansada em sua fortaleza, à noite. Os problemas enfrentados com bravura, uma nova jornada vencida, e o reconfortante sentimento do dever cumprido. Ela começa a desfazer-se lentamente de sua robusta armadura. Ao final, resta-lhe apenas o elmo a proteger a cabeça. A retirada da última peça revela um rosto radiante, belo, e que reconheço. Guarda as feições da menina de minha adolescência, a pequena irmã promotora de chás e desfiles de bonecas que movimentavam crianças e adultos do prédio onde morávamos. Traz ainda o mesmo traço desafiador da jovem noiva que, em nome do amor, entrou na igreja sem o pai — contrário ao casamento. Sim, não tenho dúvida, é ela, a mãe que longe do ex-marido cria com dificuldades, mas de maneira honrada e corajosa, as duas filhas pequenas; a amiga de uma centena de amigos que a adoram; a irmã que todas as irmãs acorrem nos momentos difíceis. Aquela cujo olhar e as palavras de esperança me acalmam, quando estou perdido. Agora, seu corpo revestido por feixes de músculos (a armadura natural) deita e descansa. No meu sonho me emociono, então, vendo a imagem paradoxal da meiga-menina-guerreira recuperando as energias para mais um dia de batalha.



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